domingo, 24 de junho de 2007

Professor X tecnologia ou professor + tecnologia?

Brito e Purificação (2006), afirmam que alguns autores[1] que falam sobre formação de professores destacam que:
Ø o professor não tem um domínio sólido dos conteúdos que transmite, se bem que isso seja o que melhor conheça;
Ø o professor não consegue relacionar os conhecimentos que transmite à experiência do aluno e à realidade social mais ampla;
Ø a remuneração do professor é baixa, o que o obriga a ter vários empregos, fato que traz graves conseqüências para o processo ensino-aprendizagem;
Ø o professor tem lidado com o aluno “ideal”, com o aluno “padrão”, como se todos fossem homogêneos, tivessem o mesmo ritmo de aprendizagem, e não com o aluno concreto;
Ø a divisão técnica do trabalho no interior da escola com a multiplicação das funções e especialidades têm feito com que o trabalho pedagógico se fragmente cada vez mais;
Ø os conhecimentos transmitidos pela escola, às vezes selecionados pelos professores, não são remetidos à sua historicidade; são trabalhados como se estivessem prontos e acabados, e não relacionados à vida dos alunos e à realidade histórico-social mais ampla;
Ø os alunos, em geral, não têm se apropriado sólida e duradouramente dos conhecimentos transmitidos pela escola.
As explicações para a existência desses problemas são: ausência de uma política clara para a educação como um todo; falta de recursos financeiros; péssimas condições materiais das escolas; salários baixos para o profissional professor; precária formação do professor em razão da estrutura tradicional dos cursos de licenciaturas, entre outras.
Segundo Behrens (1995), “neste momento de globalização mundial, continuamos a tratar a formação do professor com discursos vazios de uma prática apropriada e significativa. Reverter este papel perante a sociedade é uma tarefa árdua”. Nesta aldeia global, o professor ainda se considera um ser superior que ensina a ignorantes. Isso forma uma consciência “bancária”[2] - o aluno recebe passivamente os conhecimentos, tornando-se um depósito do professor.
Apontamos como caminho para o professor recuperar o seu lugar a formação continuada, entendida aqui como ações tanto na direção de busca de conhecimento formal quanto, principalmente, de tomada de consciência de seu próprio fazer pedagógico, pois não podemos mais admitir aquele professor que:
... arquiva conhecimentos porque não os concebe como busca e não busca, porque não é desafiado pelos seus alunos. O professor, como sujeito direcionador da práxis pedagógica escolar, tem que, no seu trabalho, estar atento a todos os elementos necessários para que o aluno efetivamente aprenda e se desenvolva. Para isso, o professor deverá ter presentes os resultados das ciências pedagógicas, da didática e das metodologias específicas de cada disciplina, ou seja, um profissional que estará sempre se atualizando. Freire (1994, p.29)
Para alcançar essa atualização, o professor deverá também utilizar as tecnologias as quais poderão ajudá-lo na elaboração de materiais de apoio, bem como ser valiosos recursos para o ensino de diversas disciplinas do currículo, seja em sala de aula, num trabalho coletivo, seja na dinâmica do trabalho desenvolvido em ambientes informatizados.
Os vínculos entre práticas educativas e tecnologias estreitam-se consideravelmente no mundo contemporâneo, ao menos, por duas fortes razões: os avanços tecnológicos na comunicação e informática e as mudanças no sistema produtivo envolvendo novas qualificações e, portanto, novas exigências educacionais. O impacto dessas novas realidades no ensino impõe ao menos três tipos de leitura: a pedagógica, a epistemológica e a psicognitiva. Nos interessa o ponto de vista pedagógico, pois este ponto está diretamente ligado com aquele que é o organizador da atividade escolar em qualquer nível: o professor. Nenhuma intervenção pedagógica, harmonizada com a modernidade e os processos de mudanças que estão implícitos será eficaz sem a colaboração consciente deste profissional da educação.
Do livro, ao quadro de giz, ao retroprojetor, a TV e vídeo, ao laboratório de informática as instituições de ensino vem tentando dar saltos qualitativos, sofrendo transformações que levam junto um professorado, mais ou menos perplexo, que se sente muitas vezes despreparado e inseguro frente ao enorme desafio que representa a incorporação das tecnologias ao cotidiano da sala de aula. Isto não ocorre apenas nas pequenas cidades do interior do Brasil, mas também nas capitais onde os professores são muito mais pressionados a utilizar as tecnologias.
A cada dia tomamos conhecimento de decisões e projetos, governamentais ou não, argumentando sobre a “importância” das tecnologias na educação. Estes projetos consideram que a inclusão digital dos professores pode ser feita apenas por meio de cursos de capacitação, que se desenvolvem na própria instituição de ensino, em universidades e centros de informática. São cursos importantes, mas não são suficientes para propiciar mudanças na ação do professor no ambiente escolar, pois não ocorre uma inclusão digital real deste profissional.
A comunidade escolar depara-se com três caminhos, quais sejam: repelir as tecnologias e tentar ficar fora do processo; apropriar-se da técnica e transformar a vida em uma corrida atrás do novo; ou apropriar-se dos processos, desenvolvendo habilidades que permitam o acesso e o controle das tecnologias e seus efeitos.
A terceira opção é a que apresenta melhores argumentos para uma formação intelectual, emocional e corporal do cidadão que cria, planeja e interfere na sociedade. Para que o professor possa se tornar um agente promotor da inclusão digital no ambiente educacional ele deverá realizar um trabalho pedagógico em que reflita sobre sua ação escolar e efetivamente elabore e operacionalize projetos educacionais com a inserção das Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação – NTIC - no processo educacional. Buscando, integrá-las à ação pedagógica na comunidade intra e extra escolar e, sendo claramente explicitado na proposta pedagógica da instituição.

[1] Tais como: PERRENOUD (2001); DEMO (1999); GIROUX (1997); LA TORRE e BARRIOS (2002); IMBERNÕN (1999).
[2] Expressão usada por Paulo Freire.

14 comentários:

Unknown disse...

Muito interessante, sua colocação acerca da capacitação e da inclusão digital do professor.Penso que devemos defender e nos articular na busca pela nossa continua formação como professores, querendo ou não, escolhemos esse trabalho e inerente a ele está a necessidade perene de estudo e pesquisa.

Glaucia da Silva Brito disse...

O professor deve estar aliado as novas tecnologias. Portanto, professor com o auxilio das tecnologias, estará proporcinando ao aluno a construçao do conhecimento.

Claudia Appel Gonçalves

Glaucia da Silva Brito disse...

Cabe ao professor nao manter seus olhos fixos nos problemas,mas buscando solucoes.Perceber seus alunos antes de mais nada.Traçar caminhos que levem de encontro a eles.cynthia

DidaticaeTecnologia disse...

Utilizar ou não a tecnologia não está nas mãos do professor porque ele a utiliza muitas vezes sem percebê-la mas utilizá-la por bons motivos é outra história. "Na realidade, a questão não é a tecnologia e sim o uso da boa pedagogia."

Pollyanny disse...

Impossível não aliar tecnologia ao professor nos dias de hoje. Acredito que quanto mais os professores relacionarem sua prática pedagógica as novas tecnologias mais próximos estarão dos seus alunos e das inovações na educação.

Isabel disse...

A utilização das novas tecnologias na educação não é mais uma opção, mas uma exigência desta sociedade da informação na qual estamos inseridos. O perfil de nossos alunos estão exigindo de nós, professores, uma nova postura e uma atuação diferenciada. A partir do momento que o docente decide aliar Tecnologias à sua prática pedagógica, poderá ocorrer a "Inovação Tecnológica da Educação".
Isabel Gravonski

Rosa Maria Zagonel disse...

Acredito cada vez mais nessa visão nas soluções e não nos problemas, colocando-nos como incentivadores no uso das tecnologias e vendo-as como uma necessidade real e diante de nossos olhos.É preciso, sim, criar possibilidades para transformar o processo de acesso às tecnologias.

professora eunice fogaça de almeida disse...

Importante se faz refletir que não podemos alienar o ato educacional do processo avançado da tecnologia no qual vivem os nossos alunos.Então, o velho paradigma: se o "inimigo" é tão forte que jamiais poderei vencê-lo, porque não buscar com ele uma aliança? Porém, vale a pena ressaltar "que tipo de aliança efetivamente trará os resultados positivos que espero".

ElizabeteAlvesGeraldoSanches disse...

Hoje o professor se obriga a se auto incluir digitalmente e na busca desse
novos horizontes tecnológico também pesquisar sobre o assunto,relacionando, contextualizando com os conteúdos e a realidade que os alunos trazem para a sala de aula. O professor encontra dificuldades relacionadas com a violencia e indisciplina na sala de aula, isso os desmotivam muito, de repente a solução e a inclusão digital do professor volta do para a pesquisa e a melhor qualidade de suas aulas.

Rosana disse...

Ter a tecnologia como aliada no processo ensino-aprendizagem é o principal "trunfo" do professor nos dias de hoje, pois com ela o seu processo dentro da sala de aula poderá encantar os seus alunos fazendo com que seus objetivos sejam atingidos sem sofrimento. Porém, para que isso ocorra de forma tranqüila é necessário saber fazer o bom uso desses recursos.

marolila disse...

As Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação,devem ser inseridas no processo educacional.Pois o aluno é um ser social,intra e extra escolar, e portanto a proposta pedagógica da instituição deverá atender suas necessidades no contexto social.
MRabelo

WQB disse...

Suas palavras refletem a realidade brasileira. Percebe-se a grande necessidade de inserir as novas tecnologias no ensino, mas antes disso é necessário preparar primeiro o educador, investindo em sua formação e remunerando-o dignamente para que o mesmo possa de dedicar integralmente à arte de educar.

WQB disse...

É de grande profundidade suas palavras.Percebe-se a necessidade de se inserir as novas tecnologias na educação, mas antes de tudo isso, é necessário investir no educador (professor, remunerando-o de forma digna, a caráter de seu merecimento para que esse se motive e se dedique exclusivamente à educação.

WQB disse...

É de grande profundidade suas palavras.Percebe-se a necessidade de se inserir as novas tecnologias na educação, mas antes de tudo isso, é necessário investir no educador (professor, remunerando-o de forma digna, a caráter de seu merecimento para que esse se motive e se dedique exclusivamente à educação.