terça-feira, 4 de dezembro de 2007

GEPETE 2007


Estas são as pesquisadoras do GEPETE, falta o pesquisador Eziquiel!! Foi um 2007 agitadissimo...

metodologia ou tecnologia?

Pessoal, assistam o vídeo no http://br.youtube.com/watch?v=xLRt0mvvpBk
e respondam: Metodologia ou tecnologia? Qual é o maior problema hoje na tua escola?

domingo, 15 de julho de 2007

INTERNETES

Terminei uma palestra sobre o uso das novas tecnologias na educação. Alguns questionamentos, algumas dúvidas, palmas e fim. Concluo que foi uma boa palestra. Estavam presentes mais de 70 professores do ensino fundamental e médio. Recolho minhas coisas e me dirijo até o estacionamento. De repente, alguém me chama:
— Professora, posso falar com você?
— Pois não.
— Eu não sou professora, estava ali no café esperando o intervalo, eu sou a que estava servindo o café. Gostei muito da sua palestra. Mas eu tenho uma pergunta?
Sorri e aguardei a pergunta.
— Comprei um computador para o meu filho. Sabe, o Márcio é um bom menino, tira boas notas e mereceu o presente. No final de semana, ele fica na Internet, conversa com os primos. Mas tô preocupada. Ontem ele me deixou um bilhete dizendo que dormiria na casa do seu amigo João e no final escreveu beijo com b-j-u-s. Ele escreveu assim por causa da Internet, né? Isso vai atrapalhar ele nas escritas na escola?
Uma mãe, de repente, me fez a pergunta mais profunda da manhã. Respondo que não, que ele com certeza sabe que na escola terá que escrever de outra forma.
— Mas sabe – continuou ela – o meu medo é que a professora de Português é durona, se ele escrever assim ela pode até gritar com ele. Ele é um menino sensível e sei que ela grita na sala quando corrige os textos e encontra muitos erros. Já pensei em proibi-lo de acessar a Internet.
Disse-lhe que não precisava proibi-lo, que conversasse com ele sobre a forma como ele escreveu beijo. Diga que entendeu a mensagem, mas que ele cuidasse para não escrever assim nos trabalhos escolares, pois a forma como ele escreveu é para ser utilizada no computador.
Ela sorriu e continuou:
— Quer dizer que na Internet ele pode continuar escrevendo assim?
Eu disse que sim, pois era a escrita da Internet.
— Muito obrigada, professora, estou mais aliviada. A professora dele deveria saber disso, né?
Sorri e nos despedimos. Enquanto voltava para casa, pensava na conversa que acabara de ter. Na minha cabeça ficou a frase: “A professora dele deveria saber disso, né?” Neste momento, me ocorreu um estalo: passei a refletir sobre o que os professores deveriam saber sobre isso.

terça-feira, 3 de julho de 2007

Ampliando o conceito de tecnologia

Procurando autores que especificam os fundamentos da tecnologia, percebemos que eles partem primeiramente do conceito de técnica para depois descrever os fundamentos da tecnologia. Em BUENO (1999, p. 81) percebe-se a técnica como integrante e precursora da tecnologia que temos hoje, a tecnologia moderna em suas várias facetas. VARGAS (1994, p. 171), afirma que o homem sem técnica seria abstração tão grande como técnica sem homem e “só é humano aquele ser que possui a capacidade de se comunicar pela linguagem e habilidade de fabricar utensílios pela técnica.” A autora destaca que “a técnica faz parte do cotidiano do ser humano, no agir, no pensar, pois este ao intervir na natureza está produzindo um trabalho que eventualmente, buscou para isso uma técnica que faz parte do ser humano e também, faz parte de seu conhecimento.”
VARGAS (1994) diz que o termo tecnologia surgiu com os gregos e foi muito confundido com a techné:
... a “techné” não se limitava à pura contemplação da realidade. Era uma atividade cujo interesse estava em resolver problemas práticos, guiar os homens em suas questões vitais, curar doenças, construir instrumentos e edifícios, etc. As “techné” gregas, eram, em princípio, constituídas por conjuntos de conhecimentos e habilidades transmissíveis de geração a geração. ... O que, entretanto, designamos hoje, de forma geral, por técnica não é exatamente a “techné” grega. A técnica no sentido geral, é tão antiga quanto o homem; pois aparece com a fabricação de instrumentos... E essa fabricação já corresponderia um saber fazer: uma técnica. (p. 18)
GAMA (1986, p. 205) descreve o que não seria tecnologia:
- Não é um conjunto de técnicas ou de todas as técnicas, e nem é uma sofisticação da técnica. A passagem da técnica para a tecnologia (e esta não exclui a primeira) não é a questão da gradação ou desenvolvimento interno ao campo das técnicas: é a questão que se refere à formação sócio-econômica em que se realiza.
- Não é a “maneira como os homens fazem as coisas” porque, em primeiro lugar, não se distingue desse modo técnica de tecnologia e, em segundo lugar, há muitas coisas que os homens fazem que não são técnicas.
- Não é o conjunto de ferramentas, máquinas, aparelhos ou dispositivos quer mecânicos quer eletrônicos, quer manuais, quer automáticos.
- Não é o conjunto de invenções ou qualquer uma delas individualmente. O avião não é uma tecnologia, como não é o rádios, o radar ou a televisão, muito embora seja esta a acepção mais difundida em marketing.
As duas últimas afirmações, segundo BUENO (1999, p.85) convergem com o pensamento de VARGAS:
... o uso da palavra tecnologia referindo-se a máquinas, equipamentos, instrumentos e sua fabricação, ou a utilização ou manejo deles. É verdade que há uma tecnologia embutida em qualquer instrumento e implícita em sua fabricação; mas isto não é razão para se considerar o saber embutido num objeto, ou implícito na sua produção, com o próprio objeto da industria. Um derivado desse mal uso é o emprego da palavra tecnologia para significar a organização, o gerenciamento e, mesmo, o comércio desses aparelhos. Por uma razão ou outra essa confusão apareceu na área da computação e da informática, onde a máquina é tão importante quanto o saber de onde ela se originou. Há, então, o perigo de se confundir toda a tecnologia, isto é, o conhecimento científico aplicado às técnicas a aos seus materiais e processos com uma particular indústria ou comércio.
Desta forma BUENO conceitua tecnologia como sendo:
... um processo contínuo através do qual a humanidade molda, modifica e gera a sua qualidade de vida. Há uma constante necessidade do ser humano de criar, a sua capacidade de interagir com a natureza, produzindo instrumentos desde os mais primitivos até os mais modernos, utilizando-se de um conhecimento científico para aplicar a técnica e modificar, melhorar, aprimorar os produtos oriundos do processo de interação deste com a natureza e com os demais seres humanos. (1999, p.87)
O termo tecnologia vai muito além de meros equipamentos. Ela permeia em toda a nossa vida, inclusive em questões não tangíveis. TAJRA (2001, p. 48) cita Sancho quando ela classifica as tecnologias em três grandes grupos:
Tecnologias físicas: são as inovações de instrumentais físicos, tais como: caneta esferográfica, livro, telefone, aparelho celular, satélites, computadores. Estão relacionadas com a Física, Química, Biologia, etc. (equipamentos)
Tecnologias organizadoras: são as formas de como nos relacionamos com o mundo; como os diversos sistemas produtivos estão organizados. As modernas técnicas de gestão pela Qualidade Total é um exemplo de tecnologia organizadora. (relações com o mundo)
Tecnologias simbólicas: estão relacionadas com a forma de comunicação entre as pessoas, desde a iniciação dos idiomas escritos e falados à forma como as pessoas se comunicam. São os símbolos de comunicação. (interfaces de comunicação)
Consideramos que estas tecnologias estão intimamente interligadas e são interdependentes. Ao escolhermos uma tecnologia, estamos intrinsecamente optando por um tipo de cultura, a qual está relacionada com o momento social, político e econômico no qual estamos inseridos. Analisaremos os conceitos explicitados pelos professores pesquisados considerando a classificação de SANCHO (2001).
Referências:
BUENO, Natalia de Lima. O desafio da formação do educador para o ensino fundamental no contexto da educação tecnológica. Dissertação de Mestrado, PPGTE – CEFET-PR, Curitiba, 1999.
GAMA, Ruy. A tecnologia e o trabalho na história. São Paulo: Nobel; editora da USP, 1986.
VARGAS, Milton. Para uma filosofia da tecnologia. São Paulo: Editora Alfa Omega Ltda, 1994.

domingo, 24 de junho de 2007

Professor X tecnologia ou professor + tecnologia?

Brito e Purificação (2006), afirmam que alguns autores[1] que falam sobre formação de professores destacam que:
Ø o professor não tem um domínio sólido dos conteúdos que transmite, se bem que isso seja o que melhor conheça;
Ø o professor não consegue relacionar os conhecimentos que transmite à experiência do aluno e à realidade social mais ampla;
Ø a remuneração do professor é baixa, o que o obriga a ter vários empregos, fato que traz graves conseqüências para o processo ensino-aprendizagem;
Ø o professor tem lidado com o aluno “ideal”, com o aluno “padrão”, como se todos fossem homogêneos, tivessem o mesmo ritmo de aprendizagem, e não com o aluno concreto;
Ø a divisão técnica do trabalho no interior da escola com a multiplicação das funções e especialidades têm feito com que o trabalho pedagógico se fragmente cada vez mais;
Ø os conhecimentos transmitidos pela escola, às vezes selecionados pelos professores, não são remetidos à sua historicidade; são trabalhados como se estivessem prontos e acabados, e não relacionados à vida dos alunos e à realidade histórico-social mais ampla;
Ø os alunos, em geral, não têm se apropriado sólida e duradouramente dos conhecimentos transmitidos pela escola.
As explicações para a existência desses problemas são: ausência de uma política clara para a educação como um todo; falta de recursos financeiros; péssimas condições materiais das escolas; salários baixos para o profissional professor; precária formação do professor em razão da estrutura tradicional dos cursos de licenciaturas, entre outras.
Segundo Behrens (1995), “neste momento de globalização mundial, continuamos a tratar a formação do professor com discursos vazios de uma prática apropriada e significativa. Reverter este papel perante a sociedade é uma tarefa árdua”. Nesta aldeia global, o professor ainda se considera um ser superior que ensina a ignorantes. Isso forma uma consciência “bancária”[2] - o aluno recebe passivamente os conhecimentos, tornando-se um depósito do professor.
Apontamos como caminho para o professor recuperar o seu lugar a formação continuada, entendida aqui como ações tanto na direção de busca de conhecimento formal quanto, principalmente, de tomada de consciência de seu próprio fazer pedagógico, pois não podemos mais admitir aquele professor que:
... arquiva conhecimentos porque não os concebe como busca e não busca, porque não é desafiado pelos seus alunos. O professor, como sujeito direcionador da práxis pedagógica escolar, tem que, no seu trabalho, estar atento a todos os elementos necessários para que o aluno efetivamente aprenda e se desenvolva. Para isso, o professor deverá ter presentes os resultados das ciências pedagógicas, da didática e das metodologias específicas de cada disciplina, ou seja, um profissional que estará sempre se atualizando. Freire (1994, p.29)
Para alcançar essa atualização, o professor deverá também utilizar as tecnologias as quais poderão ajudá-lo na elaboração de materiais de apoio, bem como ser valiosos recursos para o ensino de diversas disciplinas do currículo, seja em sala de aula, num trabalho coletivo, seja na dinâmica do trabalho desenvolvido em ambientes informatizados.
Os vínculos entre práticas educativas e tecnologias estreitam-se consideravelmente no mundo contemporâneo, ao menos, por duas fortes razões: os avanços tecnológicos na comunicação e informática e as mudanças no sistema produtivo envolvendo novas qualificações e, portanto, novas exigências educacionais. O impacto dessas novas realidades no ensino impõe ao menos três tipos de leitura: a pedagógica, a epistemológica e a psicognitiva. Nos interessa o ponto de vista pedagógico, pois este ponto está diretamente ligado com aquele que é o organizador da atividade escolar em qualquer nível: o professor. Nenhuma intervenção pedagógica, harmonizada com a modernidade e os processos de mudanças que estão implícitos será eficaz sem a colaboração consciente deste profissional da educação.
Do livro, ao quadro de giz, ao retroprojetor, a TV e vídeo, ao laboratório de informática as instituições de ensino vem tentando dar saltos qualitativos, sofrendo transformações que levam junto um professorado, mais ou menos perplexo, que se sente muitas vezes despreparado e inseguro frente ao enorme desafio que representa a incorporação das tecnologias ao cotidiano da sala de aula. Isto não ocorre apenas nas pequenas cidades do interior do Brasil, mas também nas capitais onde os professores são muito mais pressionados a utilizar as tecnologias.
A cada dia tomamos conhecimento de decisões e projetos, governamentais ou não, argumentando sobre a “importância” das tecnologias na educação. Estes projetos consideram que a inclusão digital dos professores pode ser feita apenas por meio de cursos de capacitação, que se desenvolvem na própria instituição de ensino, em universidades e centros de informática. São cursos importantes, mas não são suficientes para propiciar mudanças na ação do professor no ambiente escolar, pois não ocorre uma inclusão digital real deste profissional.
A comunidade escolar depara-se com três caminhos, quais sejam: repelir as tecnologias e tentar ficar fora do processo; apropriar-se da técnica e transformar a vida em uma corrida atrás do novo; ou apropriar-se dos processos, desenvolvendo habilidades que permitam o acesso e o controle das tecnologias e seus efeitos.
A terceira opção é a que apresenta melhores argumentos para uma formação intelectual, emocional e corporal do cidadão que cria, planeja e interfere na sociedade. Para que o professor possa se tornar um agente promotor da inclusão digital no ambiente educacional ele deverá realizar um trabalho pedagógico em que reflita sobre sua ação escolar e efetivamente elabore e operacionalize projetos educacionais com a inserção das Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação – NTIC - no processo educacional. Buscando, integrá-las à ação pedagógica na comunidade intra e extra escolar e, sendo claramente explicitado na proposta pedagógica da instituição.

[1] Tais como: PERRENOUD (2001); DEMO (1999); GIROUX (1997); LA TORRE e BARRIOS (2002); IMBERNÕN (1999).
[2] Expressão usada por Paulo Freire.